Estamos numa época de intensas mutações. Aquilo que pode parecer eterno ao nosso olhar, pode estar no mesmo lugar há um bom tempo, de repente se transforma ou simplesmente desaparece. A vida em sociedade, condição que necessariamente demanda que sejamos seres coletivos, parece, por vezes, um sonho cada vez mais distante em função da atmosfera de intolerância que nos assola, ou simplesmente em virtude da indiferença de boa parte de quem deveria, de fato, estar ao nosso lado.
E o que podemos fazer para preservar tudo aquilo que, para nós, é importante? Talvez a resposta seja simples: usar a palavra. Seja a palavra dita ou escrita, é por meio dela que damos voz ao que vemos, sentimos ou vivemos. E é nessa batalha incessante e necessária para sobrevivermos ao deserto de ideias — o qual, muitas vezes, querem tornar em nosso habitat natural — que a palavra de Sérgio Vaz surge viva para reflorestar nosso pensamento de maneira transformadora.
Neste Flores da batalha, Vaz não toma como missão apontar caminhos, estabelecer fronteiras e ditar rumos. Sua estrada é outra. Bem outra, aliás. Sua trilha é a de alargar os horizontes, descolonizar a mente, abrir novos territórios para que a palavra — essa sim — conduza todos os indivíduos a buscarem, nas frestas de seu duro cotidiano, as rotas que possibilitem tornarem-se protagonistas de suas próprias histórias.
Emicida: "Lá em 1924, Mário de Andrade, outro conterrâneo nosso, disse uma das suas mais belas frases: "nós temos que dar uma alma ao Brasil e para isso todo sacrifício é grandioso, é sublime. E nos dá felicidade." Sinto que é isso que Sérgio nos devolve quando nos traz um novo punhado de flores que irão perfumar nosso cotidiano, flores plantadas pelas calçadas, pelos jardins, pelas vielas, pelos barracos, pelas pessoas e que, a cada vez que nos deparamos com elas, nos lembramos que podemos ser astronautas, cientistas, artistas, médicos etc.; no entanto, nossa primeira vocação (a que precisamos exercer melhor) é a de sermos seres humanos. Se seguirmos as flores que Sérgio Vaz nos oferece, é aonde chegaremos."
Poemas, poesias