Face a Face com o Mal de Alzheimer

Face a Face com o Mal de Alzheimer Doroteas Cuevas


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Face a Face com o Mal de Alzheimer





Longe de pretender ser um manual didático ou um passo a passo sobre como lidar com pessoas que sofrem do Mal de Alzheimer, este livro é uma narrativa comovente e realista de uma filha diante da doença que gradualmente se apossou de sua mãe.

Ao fim da leitura, no entanto, é impossível deixar de perceber o quanto foi possível aprender com a experiência da autora, permanentemente empenhada, como todos aqueles que se veem na mesma situação, em garantir conforto e bem-estar a seu ente querido.

Diferentemente do câncer, cujo diagnóstico é evidente pelos exames laboratoriais, a Síndrome de Alzheimer não fornece claros sinais de sua chegada no cérebro de uma pessoa. Há uma certa fluidez nessa chegada, que começa a desequlibrar em extrema slow motion a vida do paciente e, por extensão, a de seus familiares, com ênfase maior em sua linha de descendência. Surge uma região psicológica que vai se tornando cada vez mais cinzenta, parda, semeando dúvidas e inquietações no âmbito de toda a organização familar.
Ter um parente com Alzheimer é, no meu ponto de vista, um medonho teste existencial, uma vez que queremos, de alguma forma, encontrar uma forma de contornar a fatalidade por meio de uma busca desenfreada de uma cura que ainda não existe. Dar de cara com a fatalidade, trombar com o anúncio antecipado da morte, saber-se impotente para refrear o definhamento mental do ente querido. Um mosaico complexo de emoções e frustrações, coroado pelo sentimento maior de tristreza, que acaba por nos acompanhar onde quer que estejamos, em todas as horas, irrefreavelmente.
O mérito maior deste livro de Dorotea reside na sua narrativa de rememoração, trazendo aos olhos do leitor não apenas os sutis sintomas mascarados pelas rotinas do cotidiano, mas a contextualização desses sintomas na relação mãe-filha e, abrangentemente, na relação paciente-família. A busca de entendimento e de explicações da autora para a crescente catástrofe é uma constante na sequência da obra - cavocar incessante dos fluidos desvãos da memória, tentando compreender ou por vezes justificar suas decisões e seus atos. E, ao longo dessa caminhada, na construção mesma da obra, desmanchar as cicatrizes e as chagas deixadas pelo Alzheimer, compreendendo-as criticamente, compreendendo-se melhor no próprio relatar.
Não são muitos os livros, escritos por autores brasileiros, que tratam dos efeitos do Mal de Alzheimer no contexto de uma família e, mais especificamente, nas relações entre filhos e pais, estes transformados, por força do destino, em pacientes desta doença fatal. Nesses termos, Face a Face com o Mal de Alzheimer é uma obra oportunda e benvinda porque nos ilumina e nos alerta a respeito dos meandros e dos rastros produzidos pela patologia, principalmente nos aspectos relacionados aos comportamentos e às atitudes dos cuidadores em âmbito familiar.
Assim, dúvidas, apreensões, medos, inseguranças, desesperos, etc, daqueles que convivem com casos de Alzheimer podem ser minimizados - e muito - pela leitura atenta e carinhosa desta obra.




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Vanêssa - RJ
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16/02/2011 21:18:23

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