Um homem sem especiais qualidades decide um dia fugir de casa ao sentir-se, com razão ou sem ela, vigiado e ameaçado. Assim tem início uma narrativa simultaneamente poética e alucinante, que afinal constitui uma grande metáfora do Brasil, e porventura do mundo, contemporâneo: uma terra onde se esbatem as diferenças de classes sob signo comum da delinquência, onde a indiferença e o amoralismo ameaçam tornar-se endêmicos, onde e total a promiscuidade entre vítimas e criminosos, inocentes e culpados, onde a memória é incerta, a definição dos personagens fluída, e a própria evasão se inviabiliza na esterilidade dos múltiplos círculos em que se desdobra.
Romance