Toda uma parte do cristianismo é construída sobre o medo e a culpabilidade: a humanidade corrompida pelo pecado original deveria ser resgatada pelo sofrimento e pelos sacrifícios - os de Jesus e os nossos. Radicalizando, Deus aparece como invejoso da felicidade de cada um. Ora, a revelação bíblica propõe outra coisa: o sacrifício de Jesus na cruz deve ser ligado ao que o precede - sua atividade profética - e ao que o segue - a ressurreição. Dessa forma, não é mais um mecanismo de "compensação" que subentende a lógica da salvação, mas uma revelação, uma iniciação à vida, uma "libertação do desejo".