Nos textos aqui reunidos, o professor de filosofia da USP Homero Santiago explora um campo situado entre servidão e liberdade.
A partir da pergunta de Espinosa retomada por Deleuze e Guattari - por que lutamos por nossa servidão como se lutássemos por nossa liberdade? -, o livro compreende servidão e liberdade como essencialmente correlativos e avessos a qualquer sentido absoluto: servidão remete a impotência, liberdade remete a potência, ora uma predomina, ora outra. Aqui aparece o problema ético fundamental:como passar de uma situação de predomínio da primeira para o predomínio da segunda?
Um cartão-postal de Nietzsche é mote para ressaltar e analisar alguns aspectos o espinosismo que, embora longe de serem inéditos, servem para desacreditar a compreensão e, sobretudo, a louca pretensão de um enfrentamento intelectualista da servidão. Esta não se combate só pelo saber, está enraizada em nosso próprio ser: aquilo mesmo que pode nos tornar livres é capaz e nos fazer servos e vice-versa. Em meio a Espinosa, Nietzsche e Antônio Negri, o livo trata do problema do possível, delimitando seu lugar no interior de um determinismo radical (o espinosano ) e tateando suas implicações . O possível como uma espécie de perspectiva que torna factível o trânsito entre servidão e liberdade, descortinando, assim, o campo próprio da ação humana, especialmente a política.
A partir de temas recorrentes em nossa realidade social e na situação brasileira recente - a polícia e seu pendor à violenta obediência abstrata, o papel do Estado, o dinheiro e a liberdade - o apelo às experiências tem a função de alargar as possibilidades de se pensar e aplicar os conceitos de servidão e liberdade. (Contracapa do livo)
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