Enfermagem, Cultura e o Processo Saúde-Doença

Saúde e doença são questões sócio-culturais. A saúde é considerada uma condição básica para a qualidade de vida e a doença representa uma ameaça ao senso de segurança e é geradora de ansiedade. As sociedades mobilizam recursos materiais e culturais para que as pessoas possam lidar com o processo. Saúde e doença produzem experiências pessoais intensas e possibilitam a construção de eventos socialmente significativos. São fenômenos socialmente padronizados e a posição pessoal do indivíduo tem importância nas experiências.
A doença sempre parece nos dizer sobre uma pessoa ou um período, muito mais que a saúde apesar da razão não ser muito clara, talvez porque o bem estar completa escapa à atenção. Em contraste à doença, a saúde corre o risco de parecer inerente e superficial: uma versão muda de uma vida examinada.
Na tentativa de compreender e analisar saúde e doença, em qualquer sociedade, comportamentos individuais, interações e estrutura social precisam ser colocados em um contexto cultura. As questões relacionadas ao processo saúde-doença tem sido abordadas na antropologia médica e tem sido destaque nas ciências sociais e nas humanidades em geral. A sua maior contribuição para o conhecimento e a compreensão do fenômeno saúde-doença foi a insistência que o agir humano é culturalmente moldado e constituído em relação a formas distintas de vida e organização social.
A educação médica tem sido focalizada nos aspectos fisiológicos da doença e na dimensão clínica do tratamento ao invés de focalizar no processo de adoecer. Os profissionais da saúde, de modo geral, seguem os passos da medicina que dá ênfase aos processos patológicos, considerando pouco as respostas emocionais e psicológicas à doença. O modelo biomédico focaliza a doença, não a pessoa, mas em células e órgãos.
É indiscutível a importância da antropologia para a compreensão do processo saúde-doença, pois envolve fatos clínicos e fenômenos sócio-culturais.
Os textos apresentados nesta obra têm um enfoque cultural, visando compreender os diferentes aspectos do processo saúde-doença e as múltiplas maneira de ser e sentir-se saudável, como uma experiência pessoal. Ajudam a preencher a lacuna existente em temos da importância da contribuição dos usuários com suas diferentes maneiras de ver o mundo nas diversas condições de saúde e doença.