Educar é um risco

Educar é um risco Luigi Giussani


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Educar é um risco


Como criação de personalidade e de história




A idéia fundamental de uma educação voltada para os jovens vem do fato de que através deles se reconstrói uma sociedade; por isso, o grande problema da sociedade é, antes de mais nada, educar os jovens (o contrário daquilo que acontece hoje).
O tema principal para nós, em todos os nossos discursos, é a educação: como nos educar, em que consiste e como se desenvolve aeducação, uma educação que seja verdadeira, ou seja, correspondente ao humano.
Educação, portanto, do humano, do original que está em nós, que em cada um se desdobra de forma diferente, ainda que, substancial e fundamentalmente, o coração seja sempre o mesmo. De fato, na variedade das expressões, das culturas e dos costumes, o coração do homem é um: o meu coração é o seu coração, e é o mesmo coração de quem vive longe de nós, em outros países ou continentes.
A primeira preocupação de uma educação verdadeira e adequada é educar o coração do homem da forma como Deus o criou. A moral nada mais é que continuar a atitude na qual Deus cria o homem, perante todas as coisas e na relação com elas, originariamente.
A nossa insistência é sobre a educação crítica: o jovem recebe do passado por meio de um presente vivido com o qual se depara, que lhe propõe aquele passado e lhe dá as suas razões; mas ele deve pegar esse passado e essas razões, colocá-las diante dos olhos, compará-las com o próprio coração e dizer: “é verdadeiro”, “não é verdadeiro”, “duvido”.
E assim, com a ajuda de uma companhia (sem essa companhia o homem está demasiado à mercê das tempestades do próprio coração, no sentido ruim e instintivo do termo), pode dizer: “sim” ou “não”. Assim fazendo, adquire a sua fisionomia de homem.
Tivemos muito medo dessa crítica, realmente. Ou então, quem não teve medo dela, aplicou-a sem saber o que era, não a aplicou bem. A crítica foi reduzida à negatividade pelo simples fato de uma pessoa tornar problema uma coisa que lhe foi dita. Eu lhe digo uma coisa, colocar uma interrogação a respeito dessa coisa, perguntar-se: “é verdadeiro?”, tornou-se igual a duvidar dela. A identidade entre problema e dúvida é o desastre da consciência da juventude.
A dúvida é o termo de uma indagação (provisória ou não, não sei), mas o problema é o convite a compreender aquilo que tenho à minha frente, a descobrir um bem novo, uma verdade nova, isto é, a obter disso uma satisfação plena e maism madura.
Sem um destes fatores: tradição, presente vivido que propõe e dá as razões, crítica – como agradeço la meu pai por ter-me acostumado a perguntar as razões de cada coisa, quando, todas as noites antes de dormir, me repetia: “Você deve se perguntar o porquê. Pergunte-se o porquê.” (ele dizia isso por outros motivos!) –, o jovem é folha frágil longe do próprio ramo (“Para onde vais?”, dizia Leopardi), vítima do vento dominante, da sua mutabilidade, vítima da opinião geral criada pelo poder real.
Nós queremos – e é este o nosso objetivo – libertar os jovens: libertar os jovens da escravidão mental, da homologação que os torna mentalmente escravos dos outros.
(da Introdução do Autor)

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Ashley
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