A gravura da capa do livro intitula-se “O Triunfo da Morte”, de Pieter Bruegel, “o Velho”. Foi pintada em 1562. É a expressão fantástica do cenário primordial do inicio da Idade Moderna, onde pragas, epidemias e guerras religiosas e políticas assolaram a Europa. Naquele período histórico da “assim chamada acumulação primitiva” do capital, como diria Karl Marx, falou-se em “castigo divino”, como se não houvesse possibilidade de salvação para a humanidade. Vivemos na época da globalização com os interesses dos oligopólios mundiais organizando o espaço-tempo da acumulação de riqueza abstrata e da reprodução social. É claro que pragas, epidemias e guerras religiosas e políticas não assolam mais o centro desenvolvido do sistema mundial do capital como nos tempos de Bruegel. Entretanto, em grande parte do resto do mundo, com destaque para regiões extensas da Ásia, Oriente Médio e inclusive América Latina, viceja o que podemos denominar de barbárie social. Nesta hinterlândia não-capitalista mas vinculada ao modo planetário de reprodução do metabolismo social do capital, o exército da morte triunfa, com mais de um bilhão de pessoas do mundo sendo forçada a reproduzir suas condições de existência de forma desumana. Por outro lado, ocorrem novos fenômenos na economia política, relações internacionais e antropologia social da mais alta relevância, seja no campo da intensificação de fluxos migratórios da força de trabalho, seja no campo dos movimentos sociais na cidade e no campo, sob o estigma da exploração e da exclusão social, com destaque para o Brasil. De certo modo, os ensaios deste livro contribuem para uma interpretação dos novos tempos do capitalismo global.