Escrito ao longo das décadas de 1930 e 1940, esse Dicionário de bolso é um conjunto de máximas e aforismos que o poeta modernista reuniu na forma de verbetes, sem impor-lhes uma ordem rígida. A esmagadora maioria das definições se refere a nomes próprios de personagens da história universal e brasileira. Esse manual onomástico, porém, não tem caráter informativo; sua tônica é a irreverência iconoclasta e bem-humorada, que retoma o tom polêmico dos fragmentos presentes na Revista de Antropofagia (1928-1929) – na qual Oswald condensou a estratégia modernista de intervenção estética – combinada com as orientações políticas esquerdizantes que o escritor havia adotado no período em que redigiu o Dicionário. Ou seja, os propósitos militantes não cancelam o viés satírico-paródico inspirado no Dicionário filosófico de Voltaire, no Dicionário do diabo (The Cynic’s Word Book) de Ambroise Bierce, e no Pequeno catecismo para o uso da classe inferior, de Strindberg.
Literatura Brasileira