Este é o Diário produzido por estudantes e advogadas durante uma intervenção no sistema carcerário feminino do Paraná, que durou quase dois anos. A intervenção nas unidades femininas de Piraquara, Pinhais e Curitiba confirmou a dura realidade vivenciada por mulheres - privadas de liberdade e que visitam pessoas no sistema carcerário - já denunciada pelas criminologias feministas, que contrasta fortemente com as disposições legais e instrumentos internacionais sobre direitos fundamentais, cárcere e mulheres.
A experiência universitária e a prática profissional foram completamente transformadas pela vivência com essas mulheres. A mescla entre categorias como igualdade e diferença, submissão e subversão, e a intersecção de classe, raça e gênero, o mundo murado das prisões mostrou que separa, não apenas pessoas, mas mulheres cujas vidas e histórias são constantemente apagadas da narrativa universal
Sem pretensões de totalidade ou de impor a voz da academia ou da prática profissional às mulheres privadas de liberdade, numa proposta que se finca numa epistemologia feminista, o livro pretende responder perguntas que as próprias autoras se fizeram durante a intervenção.
O resultado é uma obra original, em formato de coletânea, que propõe indagações e que convida a pensar, pensar especialmente sobre o obscurecido universo do cárcere de mulheres, cujas vidas singulares foram afetadas pelo sistema punitivo e submetidas às prisões feitas por homens para homens.
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