Fernanda Massi, doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara, e Patrícia Trindade Nakagome, doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP/São Paulo, organizaram a obra Desumanização na literatura com o intuito de abordar um tema pertinente à sociedade contemporânea e que se manifesta explícita ou implicitamente na literatura, em diferentes períodos: a desumanização.
Para tratar desse assunto, foram reunidos autores que haviam abordado a desumanização em objetos de pesquisa pouco estudados pela crítica.
No primeiro capítulo, Regina Claudia Garcia Oliveira de Sousa trata dos processos de “branqueamento e animalização” do escravo em quatro peças teatrais: Gonzaga ou a Revolução de Minas, de Castro Alves, Calabar, de Agrário de Meneses, Sangue limpo, de Paulo Eiró, e As minas de prata, de José de Alencar.
Maria Nilda de Carvalho Mota, autora do segundo trabalho, discute os processos de desumanização do nordestino e do moçambicano na obra Dois parlamentos, de João Cabral de Melo Neto, e Babalaze das hienas, de José Craveirinha.
Patrícia Trindade Nakagome, organizadora do livro e autora do terceiro texto, trata do processo de desumanização na cadeia, enfrentado por dois importantes escritores brasileiros e retratado em suas obras autobiográficas: Graciliano Ramos, em Memórias do cárcere, e Luiz Alberto Mendes, em Memórias de um sobrevivente.
No quarto capítulo, Mariana Santos de Assis discute a retomada da humanidade pelos negros brasileiros, destacando a contribuição dos saraus literários da periferia de São Paulo para a desconstrução da imagem desumanizada e marginalizada do sujeito negro e pobre na sociedade brasileira.
Em seguida, a organizadora e autora Fernanda Massi aborda a desumanização no romance policial místico-religioso best-seller, explicando como a morte torna-se instrumento para manutenção de um segredo.
Por fim, Marco Antonio Queiroz Silva apresenta um ensaio sobre “O fantástico como reverso da desumanização”, tendo como objeto de estudo o conto “Os saltitantes seres da Lua”, de Nelson de Oliveira.
Segundo Vima Lia Martin, professora de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo e autora do prefácio, “os ensaios deste livro […], ao apresentarem percursos de leitura, oferecem ao leitor possibilidades de interação com a literatura a partir de valores comprometidos com uma ética coletiva, emancipadora, de potencial transformador”.
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