"O Brasil tem muito passado pela frente"
Seguindo a máxima de Millor Fernandes é que nasce a segunda e premiada ficção afrofuturista de Alexandre Ribeiro, o mesmo autor que vendeu seu livro "Reservado" para o presidente de Portugal.
Quando as quebradas brasileiras vão se internacionalizar? Com o fim da desigualdade?Possivelmente. Mas e se uma revolução das cores fosse capaz de acelerar esse processo?
Na trilogia de dois livros “Da Quebrada Pro Mundo” o autor apresenta, através da história de amor entre dois jovens pardos, um Brasil que está sendo revolucionado por uma vacina contra o vírus do racismo. Criada pelo grupo “DQPM”, um grupo de mulheres negras cientistas, o OrumLink altera a maneira que os brasileiros enxergam e reparam as cores.
Somos convidados a observar um Brasil que vai gradualmente sendo colorido e é obrigado a reparar as cores do passado. Tudo isso aos olhos do paciente número um, Luiz Gama, e de como essas novas cores fazem ele conhecer seu grande amor, Nikenssile.
Luiz é um jovem da Fundação Casa que se tornou arte-educador. Pardo, fruto de um Brasil do apagamento, não foi só a cor da pele que sua nação tentou apagar. Nikenssile, do outro lado, é uma jovem dançarina alemã-moçambicana. Parda, fruto de um passado colonial, Nikenssile é filha de uma relação de poder entre uma mãe africana e um pai europeu. São as cores mais bonitas que o racismo não conseguiu apagar.
O romance se constrói na ancestralidade dos personagens. Repensando as possibilidades do romance e da ficção científica, é que o segundo livro de Alexandre Ribeiro prevê um futuro onde “reparar” é a palavra mais importante da história.