O ano é 1935, quando nasce Lélia de Almeida, atrevendo-se precocemente a interessar-se por ciências sociais. Encorajando-se a graduação em História e Geografia em 1959, aos vinte e quatro anos, tornando-se bacharel em Filosofia pela Universidade Estadual da Guanabara, ou, nos dias de hoje, Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Autora de Lugar de negro e Festas Populares no Brasil, e fundadora em 1978, na cidade de São Paulo, do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial que denunciava muito claramente a falácia da democracia racial, indo contra tudo o que, á época, significava poder.
Tornando-se inimiga consagrada do Estado e dos homens brancos que tornavam a perseguição racial suas missões pessoais. Lélia foi a propulsora da resistência de tudo o que era odiado. Burlou as regras, ignorou as distopias do mundo acadêmico branco, fez o que disseram que era cientificamente impossível e pulou muralhas que, apesar de altas, não foram o bastante para derrotá-la. Foi diafragma, faringe e voz de uma geração responsável por não aceitar a mulher universal de Beavouir, e por legitimar as diferentes mulheres que há em uma mulher negra só, reconhecendo o ser multifacetado que há muito tempo organiza revoluções antes de Zumbi.
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