Raymond Radiguet nasceu a 18 de Junho de 1903 em Saint- Maur, nos arredores de Paris. Em 1913, deixa a escola comunal, passando a frequentar o liceu Charlemagne em Paris. Lê muito e compõe os primeiros poemas. Foi nessa época que assistiu à crise de loucura da empregada de uma casa vizinha, episódio narrado em "Com o Diabo no Corpo". Em Abril de 1917, em plena I Guerra Mundial, Raymond conhece Alice, recentemente casada com um soldado de licença. É também nesse ano que encontra o poeta André Salmon no jornal 'L'Intransigeant', a quem mostra alguns dos seus poemas. No ano seguinte conhece Max Jacob e Jean Cocteau, com quem terá mantido uma relação amorosa e que vai encorajá-lo e protegê-lo. Em finais de 1919, inicia a escrita de "Com o Diabo no Corpo". Em Maio do ano seguinte, junta-se a Cocteau, Georges Auric, Francis Poulenc e Erik Satie na fundação da revista 'Le Coq'. É também neste ano que publica o seu primeiro livro de poesia 'Les Joues en Feu' e mantém uma tempestuosa relação com Béatrice Hastings, modelo de Modigliani. O lançamento deste livro é acompanhado de uma campanha de promoção em que Radiguet é comparado a Rimbaud. No Verão desse ano Radiguet continua a trabalhar naquele que será o seu segundo romance, "O Baile do Conde D?Orgel". Em Outubro desse ano adoece gravemente. Morre numa clínica a 12 de Dezembro de febre tifóide. Tem 20 anos. Tudo indica que Radiguet, que a partir de 1921 abandonara uma vida tumultuosa, teve o pressentimento da sua morte. Nas últimas páginas de "Com o Diabo no Corpo", escreveu: «Um homem desorganizado que vai morrer e não desconfia disso põe subitamente em ordem tudo à sua volta. A sua vida muda. Arquiva papéis. Levanta-se cedo e deita-se cedo. Renuncia aos vícios. Os seus familiares congratulam-se. Assim, a sua morte repentina parece ainda mais injusta. Ia viver feliz.» Narrativa de um amor adúltero e trágico, ardente e desprevenido, "Com o Diabo no Corpo" é uma precoce obra-prima. Radiguet começou a escrevê-la com apenas 16 anos.
Literatura Estrangeira / Romance