o olher ligeiro e menos atento pode, muitas vezes, classificar o circo como atividade menor no mundo dos espetáculos. Nessa visão, ele seria apenas um decadente modo de produção artística, principalmente se comparado aos poderosos meios visuais e tecnologicos e às linguagens consideradas mais importantes ou qualificadas do ponto de vista cultural. As poucas e pobres lonas coloridas, que nosso olhar passageiro flagra na periferia das grandes cidades, parecem atestar o veredicto: o circo está em extinção, assim como outras manifestações populares, ante o avanço inexorável dos novos meios de produção e veiculação artística.
Erminia Silva, com sua pesquisa, lança um olhar diferente sobre o fenômeno circense. Para isso, focaliza uma época bastante significativa no desenvolvimento do circo brasileiro de 1870 a 1910, aproximadamente - e recupera uma figura emblemática do período: o artista circense Benjamin de Oliveira. A autora desvenda aos nossos olhos um espetáculo distante da decadencia, sempre comtemporâneo e inovador, agregador de multiplas linguagens. Um espetáculo feito por artistas polivalentes, fruto de uma formação rigorosa, cuja atividade, mais que profissao, era opção de vida.