Todos os dias necessito minha ração de dúvida. Me alimenta, literalmente. Nunca houve um ceticismo mais orgânico. E, sem dúvida, todas as minhas reações são as de um histérico. Dá-me dúvidas e mais dúvidas. São - mais que meu alimento - minha droga. Não posso prescindir delas. Estou intoxicado com elas para toda a vida.
De modo que quando encontro uma, a que seja, me precipito sobre ela, a devoro, a incorporo na minha substância. Pois minha capacidade para assimilá-las - as dúvidas - é ilimitada; as digiro todas, são minha substância e minha razão de ser. Não posso imaginar-me sem elas. Dá-me dúvidas, mais e mais dúvidas. Rossano Pecoraro faz uma viagem através da obras do filosofo romeno E.M. Cioran, que são bem pouco conhecidas no Brasil.
Ensaios / Filosofia