Este é um livro a um só tempo rigoroso e original. Pode-se mesmo dizer que sua originalidade maior está no rigor com que o autor vai pondo por terra uma série de argumentos a respeito da doutrina aristotélica da ciência, ao mesmo tempo que demonstra a profunda unidade de pensamento do estagirita. Ao estudar os "Segundos Analíticos", obra reconhecidamente difícil de Aristóteles, Oswaldo Porchat Pereira começa por mostrar a coerência interna da teoria da ciência tal como exposta no Livro I daquele tratado, contra aqueles que nela viam principalmente ambiguidades e hesitações. Demonstra, a seguir, como o Livro II é o complemento indispensável do primeiro, em lugar de se contrapor a ele ou de corrigi-lo, como geralmente se pretendia. Por fim, o autor acentua a complementaridade entre a teoria analótica da ciência e a dialética aristotélica, colocando-se, assim, na contracorrente dos estudiosos que insistem em postular oposições desnecessárias entre a teoria e a prática da ciência no filósofo grego.