Sensações. O livro de Leonardo Panço nos leva a ter muitas delas. Ele nos descreve sentimentos, lugares, pessoas e situações, mas está longe de ser uma obra descritiva (entenda-se chata). Panço delineia lugares, apresenta personagens, expressa seus sentimentos, faz suas descrições, enfim, sem nunca interromper a ação. É como se nos convidasse: "Vem comigo. No caminho, eu te conto tudo." Seguimos com ele, sentindo suas sensações e vivendo suas histórias.
Os textos estão impregnados das boas e familiares referências que nos dão a impressão de que qualquer um de nós poderia ter escrito este livro. Estão lá Arquivo X, Laranja Mecânica, "Jacarepaguá é longe pra caramba", "paralelas que se cruzam em Belém do Pará", Família Soprano. Quando Panço escreve, você sabe do que ele está falando.
As pequenas angústias, uma certa imprecisão e uma inconseqüência boa, mantendo um descaso deliberado com a repercussão de suas palavras, também são marcas do livro. Lendo com atenção, você vai se deparar com trechos como "Ele ainda estava com aquela sensação incômoda de não estar muito certo sobre ter feito a coisa certa. Uns dizem ser coisa do signo. Uma certa dificuldade em tomar decisões. Escolher entre isso e aquilo."
Por Carlos Fialho
Crônicas