Há vezes em que é necessário morrer nos braços da língua. E se a poesia é um corpo, o livro de estreia de Naíla Cordeiro é cangote de mãe, de vó, de amiga, de mulher. Isso não pela simplicidade, mas pelo mistério de um ventre aqui habitado, caminhando da infância à velhice em uma amarelinha que não se perde no tempo.
A beleza dos poemas a seguir nos convida a pensar, pois proporcionam a medida necessária de vazio, a quietude de um silêncio a ser interpretado por quem lê, haja vista a poesia - assim como o corpo, seja físico ou não —, precisar de espaços para preenchimentos.
Cordeiro sabe disso e explora os nós da linguagem, prendendo a atenção leitora em algum lugar com gosto de sonho, trabalhando brilhantemente a estética como um cordão que, sem esforços, ressalta a beleza do cangote.
Um aviso: cuidado (em dois sentidos). Esses versos têm cheiro.
- Jennifer Trajano
Poemas, poesias