Campeões do Mundo

Uma importância histórica fundamental deve ser creditada a "Campeões do Mundo": a de primeira peça a fazer um balanço da política brasileira, de 1964 a 1979, com inteira liberdade, não precisando recorrer a metáforas e a alusões para iludir a Censura. Só esse debate aberto sobre temas vitais coloca o texto de Dias Gomes numa posição singular na dramaturgia brasileira e assegura para ele ampla simpatia e curiosidade.O autor escreveu um "mural dramático em dois painéis". Como bom repórter, Dias Gomes não falseia as informações. O livro promove um levantamento objetivo das diversas causas em jogo. "Campeões do Mundo" não deixa de discutir, nos acontecimentos que evoca, a validade ou não da ação terrorista. Mais uma vez, Dias Gomes, com inteligência, não tira conclusões e se limita a expor os pontos de vista conflitantes. A peça só poderia acabar, para manter-se coesa a ação, num tempo muito próximo da cena inicial, em que Riba volta do exílio. Nela, Tânia está no aeroporto, a esperá-lo, junto com o grupo de manifestantes. Os dois únicos remanescentes da turma do seqüestro, eles têm um encontro de aproximação que se estende pelo desenrolar do texto.