É preciso enterrar Maria. Mas por que o agente funerário oferece ao companheiro da defunta o caixão mais barato? E por que o padre da cidade se recusa a rezar por ela? Não só nega a encomendação religiosa de seu corpo, exéquias ritualísticas que era costume todos os falecidos terem direito, naquela cidadezinha qualquer, como proíbe que Maria seja enterrada no cemitério, administrado pela Igreja?
O que intriga o leitor é que, apesar de ser o escárnio das conversas do povo, Maria acolheu e deu casa e comida a dois velhos inválidos.
O bêbado Tabu teria razão, no seu discurso de despedida, aos pés do caixão da defunta, de reafirmar que, sim, Maria era mulher-dama, já todas as outras moradoras da cidade eram honradas, e santas, e puras. Maria era de má-fama, já as outras eram honradas, e santas, e puras. No entanto, mulher-dama que era, de má-fama que todos conheciam, foi ela, a única a acolher os dois inválidos senhores, apesar de todo o sofrimento que lhe causaram durante sua conturbada vida.
No final da leitura, leitores, não se espantem se também forem convidados a semear girassóis nessa cama de girassóis!
Literatura Brasileira / Romance