Cadernos do Subterrâneo (Memórias do subsolo) é um curto romance de Dostoiévski publicado pela primeira vez em 1864.
Para Walter Kaufmann, esta obra faz de Dostoiévski o principal precursor do existencialismo. Apresenta-se como um excerto das memórias de um empregado civil aposentado que vive em São Petersburgo. O livro é dividido em duas partes, a primeira intitulada "O Subterrâneo", contém 11 capítulos, e a segunda parte "Por Motivo da Neve Úmida", possui 10 capítulos.
O personagem anônimo (chamado geralmente de Homem subterrâneo) é caracterizado como um homem amargo e isolado. O mesmo encena na primeira parte do romance um grande monólogo com a intenção de "comover" de alguma forma seu leitor. A autopercepção do leitor das Notas é descrita pelo autor como de suma importância no exercício da leitura, pois o discurso do narrador é "moldado" por seu receptor, dessa forma o seu monólogo é, na verdade, uma evocação sistemática de discursos alheios que são parodiados de forma zombeteira e crítica.
O personagem chega a dizer que é um homem mau, ou age como tal, mas que pode ser agradado e visto como uma pessoa de bem. Essa incapacidade de se livrar do peso moral o aflige, ao que o mesmo diz que os homens sanguinários eram cultos e inteligentes (reforçando as ideias de Raskolnikov em Crime e Castigo), e que ele mesmo gostaria muito de encontrar um motivo para dar sentido a sua vida, como os chamados "homens de ação". Ele conclui que "o melhor é não fazer nada".
Na segunda parte, nomeada de "Por motivo da neve úmida", há três episódios que relatam de uma forma concreta como o anti-herói é encurralado socialmente pelos discursos e ações de uma sociedade. Essa narrativa é exposta sistematicamente com uma visão da consciência do protagonista, num dos melhores exemplos do recurso literário fluxo de consciência.
Ficção / Literatura Estrangeira