Breve história do estado de São Paulo

Breve história do estado de São Paulo Marco Antonio Villa


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Breve história do estado de São Paulo





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“Escrever sobre São Paulo é enfrentar mitos e preconceitos, tanto da produção histórica local – especialmente a de viés conservador, dominante até a metade do século XX – como de outra interpretação, fortemente ideológica, que busca homogeneidade onde há diversidade. Dessa forma, este livro rema contra a corrente, combate o anacronismo histórico e apresenta uma sociedade paulista caracterizada por múltiplos projetos, alguns até antagônicos”. Com essas palavras, o historiador e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos, Marco Antonio Villa, faz a apresentação de seu mais novo trabalho, Breve história do estado de São Paulo, livro editado pela Imprensa Oficial e que será lançado neste sábado (12), às 11h, na Pinacoteca.

Villa apresenta uma visão panorâmica da história do estado, centrando sua análise na evolução da configuração territorial de São Paulo até os tempos atuais. Dividido em 13 capítulos, o livro se inicia com os primeiros colonizadores, passa pela fundação da vila de São Vicente por Martim Afonso de Sousa, em 1532, atravessa o Império, a cultura do café, a mudança para República até a sociedade do novo milênio.

Nas 200 páginas de Breve história do estado de São Paulo, o leitor irá perceber que a trajetória do estado está dividida basicamente em dois períodos: um no qual o caráter provinciano persistiu por mais de três séculos e outro que indica a constante evolução da economia e da sociedade paulistas. “Durante cerca de 350 anos, São Paulo teve pouca relevância na história do Brasil. Os grandes feitos dos paulistas, como a descoberta de metais preciosos, ocorreram em regiões que ficaram fora da configuração geográfica do estado. Foi a expansão do cultivo de café que retirou a província do marasmo secular”, explica o historiador.

Desde então, nestes 160 anos, a história transcorreu em ritmo acelerado, tanto no interior, como na capital, delineando uma sociedade moderna, com desafios políticos, econômicos, sociais e culturais, antecipando os dilemas que estariam presentes no restante do Brasil. Para Villa, São Paulo é “o estado que melhor representa a integração de povos de diversas origens, fazendo com que qualquer tentativa de regionalismo acabe em fracasso. A originalidade de São Paulo foi ser global antes da globalização”.

No prefácio, o diplomata, jurista e professor Rubens Ricupero chancela o pensamento de Marco Antonio Villa: “a hora do planalto paulista custa a soar, mas, uma vez superada a prolongada inércia, a expansão seguirá linha sempre ascendente e irreversível, em contraste com o ocorrido em outras regiões”.

De fato, diferentemente da maioria dos estados brasileiros, cuja economia se caracteriza por ciclos intensos e breves, São Paulo é um caso à parte. “É o que hoje chamaríamos da sustentabilidade do desenvolvimento. Essa continuidade no tempo, a sobrevivência a crises, a flexibilidade de adaptação, a capacidade de substituir produtos declinantes por outros em ascensão ou de passar da agricultura à indústria e desta aos serviços, sem deixar de continuar a ocupar lugar de destaque no antigo setor dominante, são características que principiam a contagiar outras regiões do País”, analisa Ricupero.

Breve história do estado de São Paulo tem a virtude de relatar num único livro diferentes aspectos da sociedade paulista, com fatos históricos e dados estatísticos sobre economia, educação, infraestrutura básica, como habitação e saneamento, além de aspectos relacionados à cultura.

A crise que abalou o mundo em 1929, por exemplo, demonstra a importância de São Paulo para o País. Sem dúvida, foi o estado brasileiro mais afetado, pois era o que estava mais integrado à economia internacional. Estima-se que em 1930 havia 100 mil desempregados na região. Contudo, a produção industrial deu sinais de vitalidade já em 1931 e durante os anos 1930 cresceria a taxas superiores a 10%, em ritmo muito mais intenso que na década anterior. A contribuição das indústrias de São Paulo na produção nacional que, em 1919, era de 32,2%, aumentou para 40,7%, em 1939. Nos setores de bens de capital e de bens de consumo duráveis, a participação, que já era grande, em 1919, com 52,5%, cresceu para 72,4%, em 1939, destacando-se especialmente a indústria mecânica e a de material de transporte. A crise da economia cafeeira, ao invés de conduzir a economia paulista à ruína (como na Amazônia com a decadência da exploração extrativista da borracha), permitiu uma realocação do capital, que mudou de detentores, devido ao dinamismo das relações de produção capitalistas existentes no estado. Isto explica a velocidade da recuperação e a diversificação dos caminhos econômicos durante os anos 1930.

O livro também faz algumas revelações e traz curiosidades sobre a história do estado de São Paulo. Na capital paulista, por exemplo, o primeiro cemitério público, o da Consolação, foi aberto em 1858. Em 1863, o combustível para iluminação das ruas passou a ser o querosene. Em 1867, foi inaugurado o primeiro mercado municipal.

Já os estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco – boa parte deles oriunda de outras províncias – teciam severas críticas à cidade na segunda metade do século XIX. Os nordestinos odiavam o frio – Castro Alves comparou o clima da cidade à Sibéria: “Escrevo-te à noite. Faz frio de morte. Embalde, estou embuçado no capote e esganado no cachenê”. Até o paulistano Álvares de Azevedo não poupou adjetivos. Para ele, a capital era a “cidade dos mortos”, caracterizada pelo “tédio e aborrecimento”, onde a vida era “um bocejar infinito”. O que movimentava a cidade eram os estudantes. Nas férias, no dizer de um viajante, Emílio Zaluar, São Paulo retornava ao “seu estado natural de sonolência”.

Na segunda década do século XX, o futebol já era o esporte mais popular em São Paulo. Dezenas de campos se espalhavam pela capital, especialmente pela Várzea do Carmo, de onde surgiu a expressão “clube de várzea”. Da seleção brasileira de futebol que conquistou o título sul-americano, em 1919, nove, dos onze jogadores titulares, eram paulistas. O maior goleador do futebol brasileiro também era paulistano e símbolo da miscigenação: o mulato Arthur Friedenreich.

Como destacou Rubens Ricupero, estes são apenas alguns dos sugestivos destaques que “o leitor vai encontrar na rica mina de informações que Marco Antonio Villa recolheu e ordenou sob a forma de uma compacta e inédita história da capitania, da província e do estado de São Paulo. Uma obra que convida e estimula a participação do leitor, provocado pelas suas numerosas revelações”

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Joannis
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15/03/2012 09:43:35

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