"Ele desce acelerado as escadarias do palácio, deixando com care de tacho o mordomo Roberto: o coitado estava a postos no elevador com a porta escancarada. Juscelino tem pressa. E quer fazer o Brasil acompanhar os seus passos apressados. Disso sabem os seus dois assessores, que já estão lá embaixo, na porta do automóvel presidencial.
O homem que tem pressa, ao chegar ao amplo jardim interno, estanca de repente, como se uma força sobrenatural o barasse. E era. A brisa com cheiro de maresica vem da praia do Flamengo e penetra-lhe nas narinas. Isso é vida. É encantamento. É o que move o mundo.
Ele respira fundo. E volta os olhos para o céu da madrugada. Estreladíssimo. Uma estrela cadente risca o firmamento perto do Cristo Redentor. Juscelino cerra os olhos e faz o seu pedido, em silêncio, como num ato de contrição. Ele sempre faz o mesmo pedido: 'Nossa Senhora Aparecida: proteja-me, para que eu possa proteger o Brasil'.
Então olha de novo para o céu e, sorrindo, diz aos amigos:
Bela noite para voar, né Affonso? Né Geraldo?"
História do Brasil / Não-ficção / Política