Celebrizado pelo antológico verso de Chão de estras "tu pisavas nos astros distraída", Orestes Barbosa ocupa um lugar ímpar na literatura brasileira, como cronista das misérias e delícias cariocas. Num estido bastante ousado para a época em que lança suas obras de ficção, o combativo jornalista leva, para o texto literário, a agilidade, a contundência, a veracidade das cenas construídas em profunda empatia com suas personagens. Com o lançamento de Bambambã! em 1923, Orestes Barbosa inscreve-se na linha inaugurada por João do Rio, o singular cronista da cidade no início do século. Bambambã! focaliza baixos estratos sociais, nos limites da prisão. Numa linguagem despojada, em que ressaltam as gírias de um genuíno falar carioca, o autor vai compondo, em frases curtas, flashes de uma paisagem humana, não apenas entrevista, mas vivida por dentro, com agudeza, humor, lirismo. E se estende pelas ruas, surpreendendo a cada esquina a vida boêmia, os costumes, as marcas de um Rio de Janeiro que ficaram para nós não como simples reminiscência, mas como um painel saborosamente preservado em suas crônicas. (Orelha do livro).
Crônicas