Scholastique Mukasonga é uma aclamada escritora que nasceu em 1956 no sudoeste de Ruanda, junto ao rio Rukarara. Ela vivenciou a violência e a humilhação dos conflitos étnicos em seu país desde a infância. Em 1960, sua família foi deslocada para o distrito poluído e subdesenvolvido de Bugesera, em Ruanda, e mais tarde foi forçada a viver em um campo de refugiados. Apesar das perseguições e massacres repetidos, Mukasonga sobreviveu e conseguiu frequentar a escola, apesar das cotas limitadas que permitiam apenas 10% dos Tutsi nas escolas secundárias. Ela frequentou o Lycée Notre-Dame-de-Citeaux em Kigali e uma escola de serviço social em Butare, mas em 1973, foi obrigada a se exilar para o Burundi para escapar da ameaça de morte. Lá, ela completou seus estudos como assistente social e começou a trabalhar para a UNICEF.
Mukasonga mudou-se para a França em 1992, onde trabalhou como assistente social para os estudantes da Universidade de Caen entre 1996 e 1997. Desde 1998, ela atua como representante legal para a Union départementale des associations familiales de Calvados (União Departamental de Associações Familiares de Calvados).
Em 1994, 37 membros de sua família foram mortos durante o genocídio Tutsi em Ruanda. Mukasonga só retornou ao país em 2004, uma década depois do genocídio, e foi a partir dessa viagem que ela sentiu a necessidade de escrever seu primeiro livro, uma autobiografia, "Baratas (Inyenzi ou les Cafards)". Este livro foi nomeado para o Prêmio do Livro do Los Angeles Times em 2016 na categoria autobiográfica. Sua obra explora a história e as raízes do genocídio e a experiência de ser uma minoria Tutsi.
A escritora tem diversas obras publicadas, entre elas "A mulher de pés descalços (La Femme aux pieds nus)" em 2008, "L'Iguifou" em 2010, "Nossa Senhora do Nilo (Notre-Dame du Nil)" em 2012 e "Um belo diploma (Un si beau diplôme!)" em 2018. "Nossa Senhora do Nilo" ganhou o Prêmio Renaudot em 2012, além de outros prêmios, e teve uma adaptação cinematográfica em andamento, dirigida por Atiq Rahimi. A escritora também publicou uma coleção de contos chamada "Ce que murmurent les collines" em 2014.
No Brasil, Mukasonga participou da FLIP em 2017, onde suas obras "Nossa Senhora do Nilo" e "A mulher de pés descalços" foram classificadas entre os cinco livros mais vendidos do festival literário de Paraty, Rio de Janeiro.
Publicações no Brasil:
- "A mulher de pés descalços" (lançado em 2017, traduzido por Marília Garcia)
- "Nossa senhora do Nilo" (lançado em 2017, traduzido por Marília Garcia)
- "Baratas" (lançado em 2018, traduzido por Elisa Nazarian)
- "Um belo diploma" (lançado em 2021, traduzido por Raquel Camargo)