Esse estudioso minucioso e persistente há mais de 20 anos vem tomando depoimentos, ao vivo, dos sobreviventes da tragédia que assolou o Nordeste, anotando-os, gravando-os, compilando-os.
Inquiriu "coiteiros" e moradores da região do cangaço. O famoso Tenente Bezerra, que comandou o massacre de Angico, em que Lampião e Maria Bonita foram dizimados, confiou-lhe pormenores até então inéditos da estória. Ouviu também o telegrafista que, atuando como o Destino nas tragédias gregas, expediu o telegrama que forneceu ao Tenente Bezerra a localização do bando, possibilitando a sua destruição.
De tudo isso resultaram dois livros - um, "ASSIM MORREU LAMPIÃO", que ora apresentamos, e outro que já entregamos ao prelo: "GENTE DE LAMPIÃO: DADÁ E CORISCO".
O volume que apresentamos está longe de ser uma obra acabada, pois se compõe de notas, ou melhor, de simples apontamentos colhidos ao vivo sobre o massacre de Angico. Apesar do estilo solto, indicando nenhuma pretensão literária, e às vezes até um pouco desconexo, os fatos são todos baseados em sólida documentação. Há nele, inclusive, a trascrição exata de notícias veiculadas pela imprensa da época.
Essa soltura de estilo não prejudica, entretanto, o livro. Dá-lhe, pelo contrário, uma dimensão humana, o "sal" das coisas que foram realmente vividas, sal às vezes atrevessado na garganta, sal misturado com calor, sol e sangue. Vida.
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