as ruas vazias de uma cidade

Em As ruas vazias de uma cidade, Apolo Andrade não discorre somente sobre os amores desfeitos, o autor investiga um lugar, que poderia ser qualquer um deste país continental e além-mar, mas Apolo escreve do Recife/Pernambuco, e aponta tudo o que o constrói e destrói sua demarcação. Apolo, fielmente dedicado aos livros e às palavras, trabalho que vem fazendo com maestria no Instagram com o perfil Leitor Albino, onde também levanta discussões sobre raça, gênero, sexualidade e classe, aqui recolhe o nome de tudo o que é ficção em nome da possibilidade de existir livremente e garantir mais dignidade aos seus. O autor aponta as fronteiras, a política, as ditaduras, os deuses, as religiões, a ansiedade e as guerras, as belas letras e a lenda de um começo e uma série de coisas que o ser humano segue inventando para justificar a permanência de suas regalias. Em As ruas vazias de uma cidade, o eu-lírico perde o medo de habitar o lugar onde vive e passa a detê-lo. Os amores serão vividos, lidos, cantados, dançados e assistidos ao mesmo tempo em que se luta por uma condição melhor e se recorda tudo o que já passou, pois este também é um exercício a favor da existência. Uma nova cidade é desenhada em cima de um espaço que, há um bom tempo, perdeu o sentido e causou medo.

Kaio Phelipe, autor de "Não existe pecado no lugar de onde eu vim".

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