O conto narra os instantes que antecederam a escrita do "Soneto de separação", de Vinicius de Moraes, quando o poeta estava no meio do Oceano Atlântico, em 1937.
"Tanto mar à frente e o poeta ali, estático, segurando no gradil extremo da popa, de onde a única visão possível é o reflexo no espelho d’água do seu árido céu interior.
Dali, o poeta olha um horizonte já regular, sem reminiscência alguma das montanhas. Não há muito que se ver, mas isso é tudo, e é disso que tem os olhos cheios.
Que ficou do Rio no poeta? Quanto dele ficou na cidade? Oxford é uma aventura que a juventude busca salivando, mistério insondável de possibilidades. A proa chama. Um pouco à direita, o sol timidamente fecha o olho no horizonte.
Na busca de uma resignação, o poeta tenta se despedir de quem não se despediu dele. Faz frio nessa noite, e a companhia dos destilados o aquece. Em suas peregrinações internas ecoa o nome: Tati. (...)"
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