"Alexandre França é um poeta. É um músico. É um dramaturgo. E sua literatura não é senão a resposta a todos esses desejos artísticos. Se procurássemos um rótulo para essa obra diríamos que é prosa poética. Só que não. É prosa poesia música e dramaturgia. Nos seus quinze anos de trabalho com a linguagem o autor construiu um campo de pesquisa e exploração das afecções muito mais do que um lugar de estruturação literária de sua linguagem.
Arquitetura do Mofo é seu quinto trabalho impresso e foi dividido em duas partes: A construção e A demolição. Nelas, França vai desenhando página após página capítulos que são as vozes dos personagens sem nomes, onde, aos poucos, encontramos pistas sensoriais que se conectam dramaturgicamente. Peças de um todo que se aglomera feito mercúrio. Não há um único rosto a ser construído, mas diferentes esboços de realidades distintas que se tocam em momentos esparsos da obra e constroem o dia a dia dessas vozes.
O Velho Pai, Ele, A Mãe, O Casal, O Filho, como assim denominou o autor, tentam, cada um a sua maneira, dentro de seus respectivos cotidianos, sobreviver. São turistas do horror agindo conforme mandam seus desejos irracionálizáveis por uma cidade que é reflexo do caos individual em suas repetitivas rotinas à espera da morte. É um livro sobre o desespero de estar vivo."
Otavio Linhares.
Literatura Brasileira