A falácia das imagens ardilosas, como bem nos mostra em vários momentos de sua hábil reflexão, não consegue esconder o altíssimo número de negros e mestiços atingidos por diversas formas de exclusão, numa demonstração evidente de que os preconceitos e os estereótipos negativos continuam a fazer do afrodescendente a "vítima sacrificável" por excelência.
Pode-se até continuar negando os dados estatísticos que demonstram que os negros vivem, no Brasil, uma situação de apartheid racial e social, embora a legislação brasileira não imponha diferenças ou separação entre as raças, mas não se consegue impedir que a própria exclusão exponha as contradições do discurso da mestiçagem harmônica e desvele os ardis utilizados pelos processos de representação do outro, do diferente, do marginalizado.
Maria Nazareth Soares Fonseca