O escritor Ian McEwan é um dos responsáveis pela renovação da linguagem na literatura britânica contemporânea, em que se alinham nomes como seus colegas Martin Amis, Julian Barnes e Kazuo Ishiguro. Com um raro talento para perturbar, suas obras são alegorias do mal-estar europeu, construídas com detalhes sinistros do cotidiano. Ao deus-dará é uma fábula irônica e trágica sobre os relacionamentos afetivos.
Ian McEwan narra os esforços de um jovem e entediado casal inglês, Colin e Mary, numa temporada de férias em Veneza, tentando trazer vitalidade à sua rotina conjugal. O encontro com o morador de um palazzo veneziano revela um anfitrião excêntrico, simpático, carente, casado com uma estrangeira e protagonista de uma estranha biografia. Este é o ponto de partida para uma aventura que mistura paixão, culpa, obsessão e loucura, arrematada com toques sadomasoquistas.
A linguagem econômica de McEwan justapõe banalidade e perversidade, aliada a imagens de grande impacto visual, resultando em fascínio e estranhamento, numa trama que explora os limites da sexualidade e da masculinidade. Assim como as outras obras do autor, esta também revela a rara maestria de McEwan para surpreender e discutir a maldade através de uma prosa emocionante. Ao deus-dará foi adaptado para o cinema com roteiro de Harold Pinter e direção de Paul Schrader.
Literatura Estrangeira / Romance