Aqueles que já conhecem a narrativa de Alexandre Coslei vão se surpreender com este seu novo livro, Amor de cinema. As dez narrativas que compõem o livro alternam o foco narrativo entre a primeira e terceira pessoas. Naquelas em primeira pessoa, ainda reconhecemos o Coslei de Os paralelepípedos da Vila Mimosa e de Subversões: aquele olhar do jornalista que se equilibra sobre a tênue linha que os teóricos pretendem traçar entre o conto e a crônica. A grande surpresa, no entanto, está justamente no conto que dá nome ao livro. Em “Amor de cinema”, Coslei se reinventa, assim como Marçal, o personagem do conto, e nos brinda com uma das melhores narrativas que já li. Marçal estreia na galeria dos personagens lúbricos de Alexandre Coslei, trazendo um tal frescor para a sua narrativa que vamos querer que o autor percorra mais vezes por esse caminho. Mais não falarei desse conto porque, se o fizer, corro o risco de dar spoiler (para usar o termo atualmente em voga). Posso, no entanto, garantir que a reviravolta (ou, para mantermo-nos nos termos em voga, o plot twist) que o autor emprega em “Amor de cinema” já vale por todo o livro.
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