Machistamente falando, Ana Ferreira, em seu livro Amadora, escreve como um homem. Essa é a constatação que qualquer leitor provido de um mínimo de conhecimento em literatura erótica chegará. Não afirmo que ela escreve como homem simplesmente porque escreve bem, mesmo porque muitas mulheres escrevem bem - e nesse sentido ela seria apenas mais uma.
O fato é que dentro de um estilo literário dominado por homens, Ana Ferreira se destaca por colocar no papel o que muitos homens querem ouvir e muitas mulheres não têm coragem para fazer. Liberta de qualquer tipo de autocensura, ela narra detalhadamente as peripécias sexuais de Ângela, a protagonista altamente sexuada deste livro.
O livro parece um amontoado de contos desconexos, mas todos têm uma ligação. E Ângela é insaciável. Relaciona-se sexualmente com um coroa que a aborda durante o caminho da escola no dia de uma suposta prova de geografia, com o irmão de um namorado, com uma garota, participa de um ménage a tróis, transa com três na mesma noite para tentar esquecer um quarto homem, e até mesmo um caso de incesto é praticado.