A Stranger in Tibet

Em julho de 1900, Kawaguchi Ekai, um monge Zen um tanto fora do comum, cruzou a fronteira do Nepal com o Tibete. Ao fazer isso, tornou-se o primeiro japonês a pôr os pés em ambos os países e, principalmente, na sequência tornou-se o primeiro estrangeiro a atingir a cidade proibida de Lhasa, capital do país.

Kawaguchi ia em busca de manuscritos originais do budismo mahayana, mas devido à política de total exclusão de estrangeiros vigente então no Tibete, envolveu-se em situações de tremenda complexidade e risco.

Uma vez de volta a seu país natal, escreveu um relato de suas viagens (na versão em língua inglesa, "Three Years in Tibet") no qual Berry baseou esta biografia.

Mais do que recontar as viagens de Kawaguchi, Berry traça um panorama da geografia, da sociologia e do contexto histórico e político. Descrições precisas e objetivas das paisagens que se sucedem dão vida aos locais percorridos pelo monge em sua incrível jornada.

Posto que Kawaguchi carecia de qualquer senso de direção, e estava especialmente propenso a sofrer os acidentes mais incríveis, não falta emoção à narrativa, digna de um romance épico de aventura à la Júlio Verne.

Outro ponto forte do livro é revelar o caráter do Tibete e da tradicional cultura tibetana. Tais temas são de grande interesse atualmente, diante mas só da tensa situação política e militar do Tibete invadido pela China, mas também da vigorosa expansão das várias escolas do Budismo Tibetano no ocidente.