A Saga do Marrano

Marrano: diz-se, na Península Ibérica, do judeu ou mouro que, embora professando abertamente o cristianismo para evitar perseguições, continuava ocultamente fiel à sua primitiva religião.

Nos anos que precederam a conquista da América, a Inquisição intensificou a perseguição aos judeus que habitavam a Espanha, acabando por expulsá-los em massa. O mesmo ocorreu pouco depois em Portugal - em 1996 completaram-se 500 anos do édito de expulsão dos judeus daquele país. Os judeus vagaram pelos países vizinhos durante algumas décadas até que tentaram refúgio seguro nos longínquos países da América Latina. A SAGA DO MARRANO é um romance baseado em fatos históricos rigorosamente documentados que narra a saga da família Maldonado da Silva e suas peripécias pelo Novo Mundo. É um relato sem retoques do período colonial latino-americano.

Francisco Maldonado, o protagonista da história, é um médico judeu - convertido em cristão-novo - que luta contra seus temores e vacilações em um mundo impregnado pelo fanatismo e pelo horror à diferença promovidos pela Inquisição; um mundo regido pela hipocrisia e pela mais despótica corrupção.

Suas convicções lhe dão coragem para lutar pelo direito à liberdade de consciência e por seus princípios éticos, num turbilhão de crueldade e ambição iluminado a cada momento pelo pulsar da piedade, da ternura e das lealdades.

A SAGA DO MARRANO é também um romance que, em seus desdobramentos, fala eloqüentemente de nosso tempo e descreve com maestria - e com um talento indignado - a intolerância, a violência e a cobiça que marcaram a história da América Latina desde a chegada dos europeus.

«La gesta del marrano puede ser leída como un apasionante libro de aventuras con final dramático; como la gesta de un hombre marcado que huye de sus verdugos pero se mantiene fiel a sus creencias hasta la tortura y la muerte; y también como un testimonio amargo de nuestra historia que nos invita a la reflexión. Solo conociendo las abominaciones que contiene nuestro pasado podemos tener un futuro sin errores.» Marcos Ricardo Barnatán; Diario El Mundo; Madrid.

La gesta del marrano es una de las grandes novelas del siglo. Reúne suspenso narrativo, belleza poética y admirable sabiduría. A partir de un histórico auto de fe cometido en Lima en el siglo XVII, el autor despliega un conmovedor himno a la libertad y una de las denuncias más rotundas contra la discriminación étnica e ideológica.
Francisco Maldonado da Silva, el protagonista, es un hombre culto, honesto y temerario que enfrenta un doble desafío: el externo y el de su subjetividad. Sus peripecias imprimen a la lectura un ritmo de galope. La obra crece en intensidad hasta acelerar el corazón, desencadenar lágrimas y emocionar de manera inolvidable.

El autor de Profanación del amor y La matriz del infierno reconstruye la época con la destreza de un historiador y la curiosidad del eximio narrador que es. Sus personajes adquieren perfiles imborrables y generan identificación, rechazo, estremecimiento o asombro.
Sin extraviarse del hilo argumental, Marcos Aguinis crea un fresco impresionante sobre la Inquisición y la sociedad colonial de América. La atmósfera de hipocresía, autoritarismo y corrupción que delata ha tenido lamentable vigencia hasta nuestros días.

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