Publicado em 1887, A Relíquia é um dos livros mais irreverentes de Eça de Queirós, o grande mestre da prosa realista-naturalista em Portugal e um dos maiores estilistas de nossa língua. Caracteriza-se pela sátira bem-humorada à hipocrisia representada por Teodorico, que seria o exemplo da nova geração e ao fanatismo religioso representado por Dona Patrocínio.
Ainda na pele desses dois personagens, Eça de Queirós esbanja o recurso da ironia e da caricatura, não permitindo que o leitor, em momento algum, perca de vista o tom intencional da obra. Mas o auge da crítica à hipocrisia tem-se ao final, quando aparece uma camisa de noite em lugar da coroa de espinhos em um contexto fervorosamente religioso.
A Relíquia, por um lado, se inclui entre os grandes romances da segunda fase do escritor. Mas por outro, pode ser considerada, em conjunto à fábula O Mandarim, a obra mais fantasista de Eça. Sua leveza antecipa o abandono do esquema naturalista e a identifica com as obras da terceira e última fase do autor.
Fantasia / Ficção / Literatura Estrangeira