Os construtores dos impérios espanhol e português levaram consigo para o além-mar a bagagem mental que haviam acumulado na Península, dessa bagagem fazia parte a opinião de que as mulheres são inferiores física, intelectual e espiritualmente - opinião que as mais altas instâncias, legais e religiosas, compartilhavam em absoluto.
O Professor Boxer percorrendo quatro séculos em três continentes, África, Ásia e América, descobre que nem sempre as coisas se passam desse modo. Os fermentos da colonização provocaram o aparecimento de numerosas mulheres enérgicas e de forte personalidade, que se distinguiram como esposas, filhas, amantes e, as mais das vezes, como viúvas e detentoras de propriedades: desde a condessa de Assumar, que educa seu filho como homem de armas (na ausência do pai), até à incrivelmente perversa e sádica chilena Dona Catalina de los Rios Lispuerger, que ao longo de 36 anos praticou impunemente as maiores enormidades.
O Professor Boxer também considera as atitudes dos colonizadores para com as mulheres indígenas, como empregadas domésticas ou como prostitutas. Reúne os seus temas num capítulo final " O Culto de Maria e a Prática da Misoginia", em que demonstra a ligação existente entre a exalação da castidade feminina, o desprezo masculino pela mulher e a convicção de que para o homem "a simples fornicação não é pecado". Nesta obra as tensões do colonialismo emergente são vistas por um ângulo diferente do habitual.