Com o presente texto feito manifesto, Luiz Fernando Cabeda, um insider que não perdeu a faculdade do olhar estranhado, acode em boa hora para informar sobre um debate confuso, não raramente preso a objetivos políticos de moldar o Estado, mas necessário sobre a reforma do Judiciário brasileiro. Perspectivas e níveis de abstração sucedem-se com rapidez e desenvoltura que desnorteiam apenas na primeira leitura, revelando-se, posteriormente, como estratégia adequada para expor de múltiplas formas
uma ferida aberta da nossa sociedade: um Judiciário agonizante que faz entrever a agonia da própria justiça.
A constatação dessa agonia é a idéia central a conferir unidade aos cinco ensaios. O leitor em busca de explicações sistemáticas irá diretamente ao ensaio mais longo,
cujo título foi estendido ao livro. Os exemplos de “destroçamento da carreira”, “deterioração da atividade judicante”, “formação do magistrado”, “decadência da literatura jurídica”, “corrupção da linguagem jurídica”, “nepotismo” e do brasileiríssimo contraste de “espírito conservador” e “proclamações libertárias”, seguidas vezes apresentados em estilo de qualidade literária, falam por si.