A guerra das escritas

Este livro procura contribuir para o estudo da história de Moçambique e da história da literatura moçambicana, numa perspectiva alargada das relações entre colônia e metrópole e pós-colônia propondo igualmente, pelos problemas teóricos que levanta, uma discussão no campo disciplinar dos estudos coloniais e pós-coloniais em tomo de questões como identidade, nacionalismo, descolonização. A análise é feita a partir de jornais e documentos escritos produzidos durante a luta de libertação, em parte inéditos, ai procurando circunscrever, contextualizados pela investigação global, um corpus que tem permanecido desconhecido, as experiências poéticas dos militantes da FRELIMO publicadas nos jornais por eles elaborados nos campos de preparação politico militar, nas bases e nas escolas durante a luta de libertação nacional. Esta investigação inclui ainda um trabalho sobre textos teóricos de José Craveirinha e o estudo de uma polémica associada a um concurso literário nos princípios de 1981. 0 confronto entre modelos e práticas de escrita que reenviam para projetos de sociedade e para concepções de cidadania, ao mesmo tempo que faz emergir formas de resistência que não seguem esquemas binários nas respostas ao apelo à descolonização, é feito a par de uma leitura do pensamento politico e estético de Jacques Rancière, teóricos do nacionalismo e autores centrais da teoria pós colonial, em especial de Homi Bhabha.

Não-ficção