Nas primeiras linhas de A cena interior, Marcel Cohen declara: este livro precisava ser escrito. Fruto do trabalho de toda uma vida, estas páginas reúnem tudo o que o autor pôde recordar ou saber dos oito membros de sua família deportados para os campos de extermínio nazistas no final de 1943. Tendo escapado à morte por obra do mero acaso - mas também da coragem de quem se arriscou para salvar o menino de cinco anos e meio -, Marcel Cohen erige neste livro belo e áspero um memorial aos desaparecidos: Marie e Jacques, Monique, Sultana e Mercado, Joseph, Rebecca, David.
Família comum, que deixa Istambul na década de 1920 em busca de uma vida mais livre em Paris e logo se vê brutalmente encurralada, os Cohen exalam humanidade nos breves capítulos de A cena interior. Não por meio de uma injeção de sopro romanesco, e sim por uma atenção persistente e amorosa do autor a fatos, traços, memórias remanescentes: uma frase dita à mesa, um ritual doméstico, algumas fotos, um bracelete, um perfume...
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