"O homem – qualquer homem – é uma casa habitada por um poeta que, sabendo ou não sabendo, tem um sentido trágico. Poeta que inventa o próprio poema, poeta condenado a habitar a casa que é ele próprio, e de repente as paredes se desmancham e não é mais casa, sobrando o cão à porta, uma porta que não existe mais, o cão coberto de cinzas guardando o nada."
Vencedor do Prêmio Jabuti, além de Livro do Ano em 1997, "A Casa do Poeta Trágico", que a Objetiva relança agora em sua sétima edição, é um dos romances preferidos de Carlos Heitor Cony, membro da Academia Brasileira de Letras e um dos mais importantes romancistas do país.
Um profissional de publicidade embarca, a trabalho, num cruzeiro pelo Mediterrâneo. Não gosta do que encontra à sua volta, despreza os passageiros e a rotina a bordo extremamente banais e monótonos. Na véspera do término da viagem, inicia uma perseguição silenciosa a uma jovem calada e solitária, 30 anos mais moça do que ele.
Repara nela por acaso e não mais se liberta do enigma que é mais dele do que dela. Quando a moça desembarca em Nápoles, na penúltima escala da viagem, o homem espera que ela olhe para trás. Frustrado, sofre o fim do que ainda não houve. Mas uma longa e inexplicável história ainda está para ser cumprida entre os dois. Estranhamente, ela pede que o homem a leve para sempre, precisa de alguém que lhe conte "a história do mundo". Visitam as ruínas de Pompéia e o homem a apresenta à Casa do Poeta Trágico, em cujo pórtico há o mosaico de um cão com o aviso: "Cave canem". Cuidado com o cão da paixão e do desejo.
Ficção / Literatura Brasileira / Romance