iwantedtobeabird0 01/06/2024
Seria ele um animal, se a musica o emocionava tanto?
Nunca pensei em toda a minha vida que eu me identificaria com uma barata, mas tudo tem sua primeira vez, e cá estamos nós, certo? Me vejo tanto em em Gregor Samsa que chega a ser assustador.
Acredito que um dos piores sentimentos do mundo é o de se sentir uma pária dentro de sua própria casa, e é exatamente assim como o nossa protagonista se sente. Kafka foi simplesmente genial em retratar o Gregor como um inseto asqueroso, porém o verdadeiro foco nunca foi a metamorfose.
Durante todo o enredo e relações eu entendi e senti os sentimentos de Gregor, a exclusão familiar que ele sofreu quando deixou de ser útil, e toda sua jornada ate perceber que a família não o amava de verdade, amava o que ele representava para ela. Quando ele se torna inútil, sem conseguir trabalhar e sustentar a casa, o amor da família com o mesmo, se esvaia. É muito triste notar que o protagonista sempre fez de tudo por todos e foi deixado de lado tão facilmente.
Gregor nunca foi um monstro, mesmo depois da metamorfose ele nunca nem ligou para o que havia se tornado, tudo o que importava era como a família o via e o que poderia fazer para agrada-la, porque no fim das contas, tudo o que ele queria era ser amado, se sentir pertencente. Gregor morreu de desgosto, morreu em uma depressão profunda, ao perceber que nada nunca seria diferente, que apesar dos seus anos de esforço por todos, bastava um mísero acontecimento que o tornara inútil e ele deixaria de ser amado, se é que um dia foi.
Talvez a verdadeira metamorfose não tenha sido do corpo de Gregor Samsa, mas sim de seus sentimentos.