Cris 01/11/2023
Ótimo livro, mas arrastado que só! ?
'Entrevista com o Vampiro' da autora Anne Rice foi escrito na década de 70 e é o primeiro de outros doze livros. Neste volume que encabeça as 'Crônicas Vampirescas' vamos conhecer de perto Louis, um jovem recém-transformado que insiste em não viver como um vampiro, geralmente, vive. Ele se nega a matar ou desligar sua humanidade e luta e reluta a fim de não perder o senso crítico que é tão fundamental em seres humanos. Aqui a história se passa em formato de entrevista e em grande parte do enredo me vi dentro de uma sala de psicanálise. Sim, 'Entrevista com o Vampiro' é um GRANDE dramalhão existencial que apenas ganha notoriedade e complexidade quando se lê suas melancólicas embora curiosas páginas.
(...) Vampiros que fingem ser humanos que fingem ser vampiros, que vanguarda!
Ambientado em uma Nova Orleans de 1766, Louis de Pointe du Lac é um fazendeiro que se vê sem rumo após a morte de seu irmão e, com o intuito de pôr risco à sua vida, anda pelas escuras ruas próximo de casa. Em uma fatídica noite é surpreendido por um ser incrivelmente assombroso e é transformado em um vampiro. Lestat, que é o responsável pela vida pós-morte do garoto, tinha motivos piamente egoístas que vão sendo revelados conforme avançamos as páginas.
(...) Os vampiros são assassinos ? dizia agora. ? Predadores. Cujos olhos onipotentes podem lhe proporcionar objetividade. A capacidade de perceber a vida humana em sua totalidade, sem nenhuma piedade repugnante, mas com a vibrante excitação de ser o fim desta vida, de fazer parte do plano divino.
O livro em si é dividido em quatro partes e sem nenhuma divisão de capítulos, essa forma escolhida pela autora embora faça sentido, apenas me atrapalhou quando me refiro ao envolvimento de tudo ali, e por ser uma trama documental, tornou-se cansativo e até desinteressante vez ou outra. Entendo que estou diante de uma história absolutamente bem escrita estruturalmente falando, no entanto, a narrativa em conjunto com a personalidade depressiva do protagonista pôs tudo a perder, ao menos para mim, é claro rs!
Já os personagens do livro despertaram a minha atenção devido à excentricidade de cada um, todos têm a sua relevância mesmo que apareçam por um curto espaço de tempo. Louis, Lestat, Armand e a pequena Cláudia deram o seu recado e muitos deles ainda ganharão destaque nas demais continuações da série. Simplesmente esqueça os vampiros já lidos e vistos por aí, os de Rice são diferentes num nível que nem consigo expressar. Contudo, se serve como explicação, prefiro os vampiros que titia Meyer escreveu rs. Ahammmm, fico com aqueles lindos da família Cullen e cia. Sorry. ?
Um ponto que precisa ser ressaltado é o alto teor filosófico e reflexivo que a história entrega, o Louis conseguiu ter mais princípios que uma pessoa "normal" por assim dizer, e tais posicionamentos e inclinações, às vezes, não faziam sentido algum para mim, afinal, ELE ERA UM VAMPIRO, ORAS BOLAS! Sendo assim, por mais que eu até entendesse os dilemas e as diversas fugas, sabia que ele iria nadar quilômetros e morrer na praia. O vazio, a solidão e as dúvidas não dariam sossego para sempre ... infelizmente.
Enfim, finalizei a leitura triste.Triste por não ter gostado tanto da leitura como gostaria. E triste pelo vampiro melancólico de alma perdida e sem redenção... talvez um amor curasse tudo ou parte de um todo que precisa ser preenchido de alguma forma. Então, Louis, tente ao menos ser feliz, okay?
Não pretendo dar continuidade à série, então não saberei se de fato haverá esse "final feliz" que tanto almejo para meus personagens. Vou crer que sim, que tudo terminará bem rs. É isso! ????
(...) Morte inconsciente... o destino de todos os mortais. ? Ele se aproximou mais dela, resmungando, entediado, mas persistente. ? Hummm... mas nós somos a morte consciente!