spoiler visualizarDan 21/10/2018
Livro mais odiado pelos católicos
Nessa obra, Eça de Queirós busca o rompimento com o romantismo e faz críticas vorazes ao tradicionalismo europeu, isto é, ao catolicismo, à elite burguesa e ao "herói" dos romances românticos.
Essa não é a primeira e nem a última obra em que o autor busca criticar o quão os seguidores dessa religião estão submetidos aos pecados e que muitas vezes deixam de aproveitar suas vidas pelo medo de ser condenado pelo deus cristão. Prova disso é que "A Relíquia", juntamente com as obras "O Crime do Padre Amado" e "Primo Basílio" provocaram, na época em que foram publicadas, um extremo descontentamento, tanto da igreja católica apostólica romana, quanto de seus seguidores, pois, há de se lembrar que, no século XIX, Portugal - país de origem do autor - era tido como o país mais católico e conservador do mundo.
Além disso, no que tange à burguesia, o protagonista da obra é a própria crítica aos seus costumes, isto é, temos nesse livro um "anti-herói" que aprecia a vadiagem e o hedonismo exacerbado, no qual, para atingir tais objetivos, se envolve nas mais variadas mentiras e farsas, como o caso em que ele finge à "Titi" ser um homem sacro.
Quanto ao livro, ele é marcado pela sátira, ironia e bom humor na retratação dos padrões de vida tradicionalistas, assim como seus valores. A questão é que pelo excesso de descritivismo e alguns devaneios de cunho subjetivista (particularmente falando), a compreensão do enredo fica comprometida por leitores que não estão tão acostumados (muitas vezes, nem parece que o livro pertence ao realismo).
Por fim, temos aqui uma obra cansativa, porém, indispensável para entender influências realistas-naturalista luso-brasileiras.