Ligia.Carvalho 04/10/2020
O triste sistema de castas
Mukta e Tara não parecem ter muito em comum. Um sistema de castas que ainda persiste, apesar da proibição, as separa e condena uma delas, desde o nascimento, a um vida como prostituta. Em Todas as Cores do Céu, da autora indiana Amita Trasi, acompanhamos uma comovente história de amizade, esperança e sofrimento.
Livro tocante, que tange assuntos tão brutais como o tráfico de crianças e a prostituição infantil. Também aborda temas fortes como depressão, suicidio, vingança, além de amor, irmandade e esperança.
O livro nos tira da nossa zona de conforto e causa sentimentos inquietantes frente a uma história que ainda é o cotidiano de inúmeras pessoas de castas inferiores.
"Acho que nossa vida é como o céu ? Amma suspirou, ainda olhando para cima. ? Às vezes, Mukta, quando você olhar para o céu, ele vai estar escuro. Você não vai saber em quem confiar. Vai se perguntar se alguma pessoa conseguirá tirar você da escuridão. Mas, acredite em mim, algum dia nosso céu vai brilhar de novo. E vai ter a aparência e o cheiro de esperança"
"Quando mais tarde contei a Amma, ela disse que aquele não poderia ser meu pai, que meu pai era um homem muito correto, que nunca nos deixaria para trás. Mas eu sabia. Quando corri atrás do carro, o homem olhou para trás rapidamente, como se lamentasse ter que me abandonar. E eu soube então, eu soube enquanto a poeira levantada pelo carro batia no meu rosto, que meu pai não me queria, que ele nunca viria me pegar. Sakubai estivera certa o tempo todo; eu não merecia um pai"
"Tentei soltar a mão dele, mas ele me puxou de baixo da mesa na sua direção ? seu hálito fedendo a alho e cigarro ? com uma força que balançou a mesa, derrubando o espelho. Quando ele caiu, pude me ver nele ? quebrada em um milhão de pedacinhos"