Karol 23/06/2024
Amores & Dramas (com uma dose de vodka)
Quando me propus a ler Anna Kariênina, sem pesquisar muito antes, sabia que estava diante de um dos monumentos da literatura mundial, mas absolutamente NADA me preparou para a profundidade e a complexidade desta obra maravilhosa! ??
Liev Tolstói nos oferece uma janela para a sociedade russa do século XIX, ao mesmo tempo em que nos abre uma porta para explorar os seus próprios pensamentos acerca da alma humana. Tolstói, sem dúvidas, é um mestre na arte de esculpir personagens vivos, tridimensionais, com uma perspicácia psicológica que transcende a mera narrativa. Eu mesma me senti parte dos pensamentos de cada personagem, como se estivesse explorando suas mentes!
Anna, uma personagem principal, é uma figura com uma complexidade emocional rara, cheia de emoções intensas e conflitos internos. Sua paixão avassaladora por Vrónski (tá aí um casal que eu não shippo nem mortinha) e sua busca desesperada por um sentido na vida e felicidade são descritas com uma perspicácia que só poderia ser fruto de uma canetada braba do meu mano Tolstói! (Ou melhor, penada ??)
O contraponto entre Anna e outros personagens, como Konstantin Dmítritch Liévin e sua busca por uma vida autêntica e simples, expande o romance para além da história de uma mulher (que era só o que eu esperava). Liévin, o outro personagem principal, com suas reflexões sobre a vida e a morte, religião e trabalho, principalmente sobre sua rocinha, me encantou no decorrer das páginas, apesar de no começo eu ter achado chatíssima a história dele.
Esse livro é uma obra-prima que disseca as convenções sociais da aristocracia russa. A rigidez das normas sociais, a hipocrisia da vida pública vs. a vida privada e a opressão das mulheres são temas que Tolstói explora com maestria. A Rússia daquela época com suas transformações econômicas e sociais, é quase um personagem à parte, influenciando e sendo influenciado pelas ações e destinos dos protagonistas, tanto no cenário do campo quanto na cidade.
A tradução de Rubens Figueiredo merece um elogio especial. Sem a tradução de Figueiredo, a leitura em português não teria o mesmo impacto, a sua escrita do texto é tão fluída que eu lia páginas e mais páginas, sem nem notar que tava chegando muito perto de acabar o livro.
Dito isto, também gostaria de acrescentar que detesto a maioria dos homens desse livro, tenho pena da maioria das mulheres e dou graças a Deus por estarmos no século XXI, amém! ?? (apesar de não parecer que avançamos tanto).