Lucas Alves 14/04/2024
Uma revolução nunca vista e uma política previsível
Joseph Fouché: retrato de um homem político é um livro que nos mostra um lado da Revolução Francesa que não conhecíamos, as origens do texto comunista que não sabíamos e um lado da política um pouco previsível. Stefan Zweig, amigo de grandes intelectuais e artista desde a Primeira Guerra Mundial, nos apresenta aqui, neste livro, um perfil psicológico do homem que ele considera um dos mais poderosos de sua época. Em seu prefácio, Zweig já deixa claro qual é a intenção de sua biografia: alertar-nos sobre o que já passamos em (1914-1918), onde afirma que as decisões de importância histórica universal sobre guerra e paz foram tomadas não conforme a razão ou a responsabilidade, mas por indivíduos ocultos, de caráter duvidoso e discernimento limitado.
O livro apresenta a ascensão de Joseph Fouché, iniciando com a narração de como o homem franzino e comprido conseguiu se tornar o mais poderoso da França. Em meio ao desenvolvimento de sua vida, tanto física quanto psicológica, Zweig nos mostra os bastidores da política e da Revolução Francesa. Não aquela que vimos na escola, ou que discutimos na faculdade quando falamos da ideia de liberdade, mas aquela que deu o nome de ?O carniceiro de Lyon?, a Joseph Fouché. Com o objetivo de traçar e mostrar um perfil psicológico desse traidor, intrigante, miserável, réptil escorregadio, desertor profissional, alguns dos adjetivos que Zweig usa durante a formulação deste livro e do personagem. Ele com maestria nos faz sentir em um livro de ação, às vezes com tramas políticas que nos fazem se sentir ansiosos, às vezes em um livro de terror que nos faz temer a alma do homem. O livro é magnífico, Zweig consegue durante toda a história aqui desenhada formular um perfil com todos os aspectos possíveis de um homem político e de uma política que dificilmente muda e nos alerta para um aspecto que é: ?apesar da boa intenção do homem, o poder pode corrompê-lo, tornando-o sanguinário e irreconhecível.