Helder 14/02/2020Loucura ou Realidade?Temos aqui um livro de suspense psicológico, onde a autora cria uma narradora que não é confiável e faz a gente ficar perdido junto com ela:
O que é real e o que é imaginação?
Numa noite chuvosa, Cass decide voltar para casa por um atalho que passa por dentro de uma floresta, mesmo seu marido lhe pedindo para não fazer isso.
Nesta estradinha ela vê um carro parado no acostamento com uma mulher e estaciona seu carro um pouco a frente, para ver se a pessoa precisa de ajuda, mas como ninguém sai do carro para conversar com ela, ela desiste de ajudar e vai embora.
No dia seguinte, ao acordar, ela descobre que houve um assassinato naquela pequena estrada. Uma mulher foi encontrada num carro.
Logo ela passa a se sentir culpada:
E se eu tivesse ido até lá? Poderia tê-la ajudado ou teria morrido também ?
A culpa só aumenta quando ela descobre que conhecia a vitima, pois tinha feito amizade com ela em uma festa em que fora levada por sua melhor amiga e na sequencia tinham tido um almoço muito divertido.
O que fazer? Contar a policia que passou pelo local do crime?
Será que não irão julga-la por ter ido embora sem fazer nada?
Mantendo este pensamento, ela vai se enrolando cada vez mais até começar a perceber que coisas estranhas estão acontecendo em sua casa. Ela passa a se sentir observada, todo dia seu telefone toca pela manhã e ninguém fala nada, janelas aparecem abertas, objetos mudam de lugar.
Com medo e com culpa, ela passa a acreditar que o assassino a viu na cena do crime e que agora a está perseguindo.
Mas será que aquilo é real ou imaginação?
A mãe de Cass foi diagnosticada com demência aos 44 anos e ela ainda se lembra como foi cuidar da mãe até o final. Será que o mesmo está acontecendo com ela?
De repente coisas começam a aparecer em sua casa sem ela se lembrar de ter solicitado aquilo. Ou ela passa a se esquecer de coisas.
Ela não se lembra de ter marcado churrasco com amigos, ou da viagem a trabalho do marido, ou mesmo onde estacionou seu carro no shopping.
Ela também não se lembra de ter solicitado a instalação de um alarme de incêndio ou mesmo ter comprado um espremedor de batata, ou pior ainda, um carrinho de bebê, sendo que nem está gravida.
Mas como uma pessoa pode não saber se fez algo deste tamanho?
É o mesmo que passamos o livro inteiro nos perguntando.
Em A Beira da Loucura, Cass tenta esconder o que está passando de seu marido e de sua melhor amiga, mas a situação vai ficando cada vez mais complicada, até que ela passa a desacreditar de sim mesma e passa a viver a base de medicações.
O livro às vezes torna-se repetitivo ( Não aguentava mais aquele telefonema matinal) e durante muito tempo me perguntei se estava lendo um drama ou um thriller.
A autora facilmente nos convence que Cass está ficando louca.
Mas...
Difícil falar mais sem dar spoilers.
No fim fica claro para o leitor tudo o que está acontecendo com Cass, e confesso que dói um pouco na nossa alma conhecer a triste realidade.
Como a estória se alonga um pouco, temos tempo de criar diversas teorias, e no meu caso acertei quase no alvo, mas isso não estragou em nada a leitura, pois a autora ainda nos segura para fechar todas as portinhas que ela abriu. E haja raiva a cada fechada de porta!
Infelizmente acho que posso dizer que B. A. Paris não tem muito talento para criar finais, pois em ambos os livros ela nos deixa com fogo nos olhos, mas cria um final morno, que é até justo, mas acaba sendo pouco perto do que queremos que aconteça.
Aqui ainda existem muitas coincidências “facilitadoras de trama” e algumas situações que contam com a boa vontade do leitor (Como uma pessoa não percebe que trocaram seus eletrodomésticos), mas a autora consegue nos envolver tanto no clima tenso que com certeza relevamos e aceitamos.
Acabei o leitura pilhado e achando zero defeitos, mas depois fui pensando sobre alguns acontecimentos e vi que muita coisa ali não seria possível, mas até ai, já tinha me divertido tanto!
Em comparação com o livro anterior da autora, este aqui é mais fraco, mas não deixa de ser uma ótima diversão. A leitura demorou um pouco para me envolver, mas a segunda metade do livro eu devorei em um dia.
Está procurando um thriller divertido?
Mergulhe de cabeça!