Brenda @caminhanteliterario 09/03/2024Livros de fantasia com mundos mágicos, raças, poderes e cultura são coisas que eu já adoro. Mas pela primeira vez eu vi uma história fantástica baseada em cultura árabe e que coisa mais rica. Eu fiquei apaixonada e todo o universo me fascina: as criaturas mágicas, os djins, os povos, o cenário, mas principalmente o passado e a criação daqueles seres. Existe todo um ar de mitologia e lendas árabes que se misturam com a história que me prende muito. Soma-se a isso uma complexa trama política, cheia de jogos de poder e influência. È dificil saber em quem confiar a medida que se caminha e se conhece mais sobre os personagens e suas histórias.
Não posso deixar de falar que a príncipio isso traz uma certa confusão e dificuldade de imersão naquele mundo. São muitos nomes e termos árabes, povos, lugares e raças que podem deixar o leitor um pouco confuso. E a autora abusa bastante da recurso de soltar fragmentos de explicação, o que deixa tanto a personagem como o leitor perdido. O início é denso, mas pelo visto isso é algo que eu adoro. Quanto mais complexo e intricado o mundo é construído mais eu gosto. E a partir do momento que me ambientei foi bem fácil de fluir na leitura.
Eu adorei a história da criação dos povos a partir de Suleiman, o passado de Dara, e a guerra dos qahtani contra os nahid. O mais legal é que não há vilões e mocinhos nesse livro. Consigo ver motivações palpáveis pra todos os lados, atitudes condenáveis que muitas vezes são baseadas em covicções reais. Na prática é possível odiar e passar pano pra todo mundo. Ali é um idealista, mas frio em algumas atitudes e não deixa de estar traindo a família e a posição que tem. Ghassan é praticamente o vilão, mas querendo ou não é a sua posição de neutralidade e seu objetivo de manter a estabilidade da cidade a qualquer custo que evita guerras e massacres. Dara então nem se fala, é possível perdoar seu passado? Até mesmo entre os Qahtani e os Narid é diíficil dizer quem estava certo, ambos tiveram ações reprováveis. E o mais interessante é que os qahtani tomam o poder pra defender os shafits, mas Ghassan subjulga os mesmo em prol dos daevas no tempo presente, e ainda sim os daevas não deixam de ser inimigos antigos de sua família.
E Nahri de repente se ve no meio de tudo isso. Gosto das construção dela, não é uma personagem boba, mas não deixa de ter uma certa inexperiência pra todos esses jogos de poder e manipulação. Não sei se shippo muito ela com Dara, acho ele um pouco abusivo. E me pergunto se vai rolar alguma coisa com Ali, já que pelo visto ela se aproximou e se tornou amiga. E considerando que ela não conhecia ninguém a tão pouco tempo, não entendo porque ela confia mais em Dara do que em qualquer outro. Isso é interessante porque ela enquanto pobre era livre e agora no meio do luxo é pressionada por vários lados, principalmente pelos daevas a honrar o passado de sua família e a herança cultural de seu povo. Isso é difícil pra ela considerando que é quase uma estranha naquele lugar. Gosto que no final da história ela sai de posição de peão e decide tomar as rédeas da situação.
Não posso deixar de pontuar que o momento em que eles chegam a daevabad, Daradecide se ausentar e Nahri fica focada no treinamento e em se ambientar na cidade é um pouco chato e soa um pouco como enrolação. Já o final é eletrizante. Assim como a princípio a autora solta uma porrada de pedaços de informação, o final do livro deixa ainda mais perguntas e isso me engaja demais numa história. O que aconteceu com Manizheh? Os que os Nahirds estão armando? Qual o passado de Dara,como ele saiu da escravidao e porque é tão poderoso? Quem salvou Nahri na infância? O que o marid e os peri querem com Dara? E qual a ligação de Ali com os marid agora? Será que Jamshid é irmão de Nahri?
Uma história com o enredo rico e complexo, focado em política e poder, com muitos mistérios que me deixam sedenta pro próximo volume.